
O Impacto das Mudanças na Lei de Licitações nas Micro e Pequenas Empresas
Publicado por Ótmow
12/02/2025
A nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos, Lei nº 14.133/2021, substituiu as Leis 8.666/1993, 10.520/2002 (Lei do Pregão), e parte do Regime Diferenciado de Contratações (RDC). Esta legislação representa uma reforma significativa nos processos de contratação pública no Brasil, buscando aumentar a transparência, a eficiência e a competitividade, além de promover a participação de micro e pequenas empresas (MPEs) em licitações públicas. Vamos explorar as mudanças, benefícios e desafios que essa nova lei traz para as MPEs, com exemplos práticos e dicas para melhor aproveitamento.
1. Panorama Geral das Mudanças na Nova Lei de Licitações
A Lei 14.133/2021 traz uma série de inovações nos procedimentos de contratação pública, como:
- Exigência de planejamento detalhado e melhor uso de tecnologias para transparência.
- Unificação dos procedimentos licitatórios, simplificando etapas.
- Incentivo ao uso de meios digitais para envio de propostas e documentos, facilitando o processo e simplificando custos administrativos.
A nova lei também inclui políticas de governança, divisão de grandes contratos e maior controle sobre etapas contratuais, aspectos que beneficiam empresas de menor porte, que antes enfrentavam dificuldades em competir com grandes players do mercado.
2. Benefícios da Lei para Micro e Pequenas Empresas
Com o objetivo de contribuir para a participação das MPEs, a nova lei reforçará o tratamento diferenciado para essas empresas:
- Prioridade em Licitações de Menor Valor
Para promover a participação das MPEs, a Lei 14.133/2021 reserva preferências para elas em contratações de até R$ 80.000,00. Isso significa que as licitações abaixo desse valor podem ser direcionadas exclusivamente a micro e pequenas empresas, facilitando o acesso dessas empresas ao mercado de compras governamental.
- Divisão de Contratos em Lotes
Um exemplo do benefício da divisão de contratos pode ser visto em licitações de serviços terceirizados para um grande órgão público. Em vez de contratar uma única empresa para fornecer todos os serviços, o contrato é dividido em lotes menores, permitindo que MPEs especializados participem de etapas específicas, como limpeza, segurança ou manutenção. Essa mudança ajuda as MPEs a acessarem parte dos contratos que antes eram restritos a empresas maiores.
- Exclusividade para MPEs e Direito de Preferência
Em licitações de até R$ 80.000,00, a nova legislação permite que órgãos públicos reservem a contratação exclusivamente para MPEs. Em disputas entre grandes empresas e MPEs, a lei prevê que as MPEs tenham preferência se suas propostas sejam até 10% acima da maior oferta. Esse direito de preferência assegura uma oportunidade justa para as pequenas empresas, que muitas vezes têm menos recursos financeiros para oferecer preços muito baixos.
- Simplificação do Processo e Redução da Burocracia
A digitalização dos processos licitatórios é um dos maiores avanços da nova legislação, reduzindo a necessidade de documentos financeiros e facilitando a participação de empresas de menor porte. As plataformas eletrônicas nacionais, como o Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), centralizam as licitações, permitindo que empresas de diferentes regiões do país acessem oportunidades sem os altos custos e desafios logísticos que existiam anteriormente.
- Diálogo Competitivo: Um Procedimento Inovador
O “diálogo competitivo” é uma das inovações mais interessantes da nova lei. Nesse modelo, o órgão público discute previamente com empresas interessadas para identificar a melhor solução antes de formalizar uma contratação. Esse procedimento permite que os MPEs personalizem suas propostas de acordo com as necessidades da administração pública, aumentando suas chances de serem selecionados. Por exemplo, uma pequena empresa de tecnologia pode discutir com um órgão governamental sobre o desenvolvimento de um software específico, adaptando sua proposta para melhor atender à demanda.
3. Desafios persistentes para as MPEs
Embora a nova lei traga vários benefícios, as micro e pequenas empresas ainda enfrentam desafios para participar plenamente das licitações.
- Exigências de Garantias e Capacitação
A exigência de garantias contratuais, ainda que flexibilizada para MPEs, continua sendo uma barreira para muitas empresas, especialmente aquelas que estão em fase inicial de operação. A orientação é que as MPEs busquem apoio em programas de capacitação, como os oferecidos pelo SEBRAE, que possuem cursos e consultorias específicas para licitações, ajudando empresas a entenderem as exigências e a se prepararem especificamente.
- Adaptação aos Processos Digitais
A transição para processos digitais é vantajosa, mas exige um nível de adaptação por parte das empresas, que precisam estar prontas para utilizar plataformas online e gerenciar documentações eletrônicas. O SEBRAE e o Tribunal de Contas da União (TCU) oferecem guias práticos e materiais de suporte para auxiliar empresas na adaptação ao sistema digital de licitações.
- Administração Financeira e Riscos de Fluxo de Caixa
Embora a nova legislação permita maior participação de MPEs, os prazos de pagamento por parte dos órgãos públicos podem ser solicitados. Para garantir uma participação saudável em contratos públicos, as MPEs devem considerar alternativas de financiamento, como a antecipação de recebíveis. Esse recurso permite que a empresa receba o valor do contrato antes da data de pagamento final, mantendo o fluxo de caixa equilibrado.
4. Dicas Práticas para MPEs Aproveitarem as Novas Oportunidades
Para as MPEs que desejam entrar no mercado de licitações, aqui estão algumas dicas para maximizar as chances de sucesso:
- Mantenha a Documentação Atualizada: verifique periodicamente os documentos exigidos em licitações, como certificados fiscais e balanços financeiros. Estar em conformidade evita problemas nas fases de habilitação.
- Invista em Capacitação: Participar de cursos de formação sobre licitações públicas pode ser um diferencial importante.
- Explore Plataformas Digitais: Familiarize-se com o Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) e outras plataformas de licitação para não perder oportunidades importantes.
- Utilize o Direito de Preferência: Em licitações disputadas com grandes empresas, utilize a vantagem do direito de preferência de 10% que a nova lei permite, ajustando a proposta para ficar dentro do limite permitido.
5. Contribuições para o Desenvolvimento Local e Econômico
A nova Lei de Licitações também apoia o desenvolvimento econômico local ao incentivar a compra de produtos e serviços de empresas regionais, sempre que possível. Para MPEs que atendem áreas específicas, essa é uma grande oportunidade de se estabelecerem no mercado regional, ajudando a contribuir para o desenvolvimento econômico e criando empregos locais.

A Lei 14.133/2021 representa um marco importante na modernização das licitações públicas no Brasil, promovendo um ambiente mais inclusivo e favorável para micro e pequenas empresas. Embora haja benefícios claros, como a exclusividade em contratos de menor valor e o diálogo competitivo, ainda existem desafios que exigem uma preparação adequada e estratégias financeiras eficientes. Com o suporte de programas de capacitação e o uso de plataformas digitais, as MPEs têm mais condições de participar desse mercado, fortalecendo tanto seu crescimento quanto a economia local.
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