
Tributação em contratos públicos: quais impostos incidem sobre licitações?
Publicado por Ótmow
28/03/2025
A participação em licitações públicas exige não apenas um conhecimento aprofundado sobre o processo licitatório, mas também uma compreensão detalhada dos encargos tributários que incidem sobre os contratos administrativos. Os tributos podem impactar significativamente a margem de lucro das empresas e, se não forem devidamente considerados, podem comprometer a execução do contrato.
A legislação tributária brasileira é complexa e envolve tributos federais, estaduais e municipais que variam conforme o objeto do contrato e o regime tributário da empresa. Além disso, a administração pública adota mecanismos rigorosos de fiscalização, incluindo retenção de tributos na fonte e auditorias regulares para garantir a conformidade fiscal das empresas contratadas.
Impostos que Incidem sobre Licitações
A tributação em contratos públicos segue as diretrizes estabelecidas pelo Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966), além de normativas específicas da Receita Federal e das secretarias estaduais e municipais de fazenda. O tipo de tributo aplicável depende da natureza do contrato, que pode envolver prestação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras públicas.
Imposto sobre Serviços (ISS)
O ISS é um tributo de competência municipal e incide sobre a prestação de serviços conforme a lista prevista na Lei Complementar nº 116/2003. Sua alíquota varia entre 2% e 5%, dependendo do município e do tipo de serviço contratado.
Nos contratos públicos, o ISS pode ser retido na fonte pelo órgão contratante, que se responsabiliza pelo recolhimento do imposto. Essa retenção é obrigatória quando o serviço é prestado por uma empresa sediada em outro município, evitando a bitributação e garantindo que o tributo seja pago na localidade onde o serviço é executado.
A falta de recolhimento do ISS pode gerar penalidades, incluindo multas e impedimentos para participar de futuras licitações. Além disso, a empresa pode ser inscrita na Dívida Ativa Municipal, o que pode levar à execução fiscal do débito.
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
O ICMS é um imposto estadual que incide sobre a circulação de mercadorias e a prestação de serviços de transporte e comunicação. Nos contratos públicos, sua aplicação ocorre quando há fornecimento de bens, como equipamentos, materiais de construção ou produtos hospitalares.
Cada estado possui regras próprias para a cobrança do ICMS, mas a alíquota padrão varia entre 7% e 18%, dependendo da mercadoria e da operação envolvida. Em vendas interestaduais, aplica-se a alíquota interestadual, que pode ser de 4%, 7% ou 12%, conforme a origem e o destino da mercadoria.
Para empresas fornecedoras do setor público, é fundamental observar a legislação estadual e garantir a correta emissão da nota fiscal, pois o não pagamento do ICMS pode resultar em autuações fiscais e restrições para futuras contratações com o governo.
Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ)
O IRPJ incide sobre o lucro das empresas e sua alíquota varia conforme o regime tributário adotado. Empresas que operam sob o Lucro Real pagam 15% sobre o lucro líquido, com um adicional de 10% sobre valores que ultrapassem R$ 20 mil mensais. Já no Lucro Presumido, o imposto é calculado sobre uma base de cálculo definida pela Receita Federal, que varia de acordo com a atividade da empresa.
Em contratos públicos, o IRPJ pode ser retido na fonte pelo órgão contratante, especialmente quando se trata de prestação de serviços. O recolhimento antecipado pelo governo garante maior controle sobre a arrecadação e evita a sonegação fiscal.
O não pagamento do IRPJ pode levar à inclusão da empresa no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin), o que impede a participação em novas licitações e pode resultar em execuções fiscais.
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
A CSLL é um tributo federal que complementa o IRPJ e tem alíquota de 9% para a maioria das empresas e 15% para instituições financeiras. Sua base de cálculo segue as mesmas regras do Imposto de Renda, e sua retenção na fonte pode ser exigida em contratos públicos de prestação de serviços.
Empresas que não recolhem a CSLL podem enfrentar auditorias da Receita Federal e autuações fiscais, além de ficarem impedidas de obter certidões negativas de débitos, que são exigidas para assinatura de novos contratos públicos.
PIS e COFINS
Essas contribuições federais incidem sobre o faturamento das empresas e financiam a seguridade social. No Lucro Real, as alíquotas são de 1,65% para o PIS e 7,6% para a COFINS, enquanto no Lucro Presumido, são de 0,65% e 3%, respectivamente.
A retenção dessas contribuições é comum em contratos públicos, especialmente quando envolvem serviços prestados para órgãos federais. O descumprimento das obrigações fiscais pode resultar na aplicação de multas e restrições para novas contratações com o governo.
Retenção de Tributos e Mecanismos de Fiscalização
Nos contratos administrativos, a administração pública tem o dever de reter e recolher certos tributos na fonte. Essa medida garante que os impostos sejam pagos corretamente e evita fraudes fiscais. As retenções mais comuns incluem:
- IRPJ, CSLL, PIS e COFINS: Retidos diretamente no pagamento da empresa contratada.
- ISS: Retido pelo órgão contratante em alguns municípios.
- INSS: Aplicável em contratos de prestação de serviços com mão de obra exclusiva.
A fiscalização desses tributos é realizada por órgãos como a Receita Federal, as Secretarias Estaduais de Fazenda e as Prefeituras Municipais. Empresas que não cumprem suas obrigações podem ser inscritas na Dívida Ativa, sofrer penalidades administrativas e até mesmo enfrentar a rescisão do contrato público.
Importância do Planejamento Tributário em Licitações
A tributação impacta diretamente a formação de preços nas licitações públicas. Empresas que não consideram corretamente os encargos fiscais podem apresentar propostas inviáveis e enfrentar dificuldades financeiras durante a execução do contrato.
O planejamento tributário permite otimizar a carga fiscal e aumentar a competitividade nas disputas licitatórias. Para isso, é fundamental contar com assessoria contábil especializada e manter a regularidade fiscal da empresa, garantindo a obtenção de certidões negativas e evitando problemas com a administração pública.
Além disso, o correto enquadramento tributário pode gerar economia significativa. Empresas no Simples Nacional podem pagar menos impostos, mas devem verificar se sua atividade permite a adesão a esse regime, pois algumas categorias são vedadas em contratos públicos.
Conclusão
A tributação em contratos públicos exige atenção especial das empresas que atuam no mercado de licitações. O correto entendimento dos impostos aplicáveis, a observância das regras de retenção e o cumprimento das obrigações fiscais são essenciais para evitar penalidades e garantir a sustentabilidade financeira dos contratos.
O planejamento tributário adequado não apenas evita problemas com o fisco, mas também permite que as empresas elaborem propostas mais competitivas e mantenham a regularidade para futuras oportunidades no setor público.
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